domingo, 31 de agosto de 2008

A viagem

Até Londres tudo parecia pertencer ao meu mundo. Tive o prazer de ter a companhia da Giggs e familiares até ao aeroporto de Londres-Stansted, que depois iam apanhar um voo para Cracóvia, enquanto eu ia apanhar a minha ligação para o aeroporto de Katowice, através da empresa de aviação Húngara “Wizz”. Quer pela companhia, quer por já ter estado no aeroporto de Stansted anteriormente, esta parte da viagem não me estranhou. Claro que, a despedida da família e não saber o que me esperava no outro lado, pesava sempre e estava sempre presente.

O voo atrasou uma hora, portanto acabou por passar tudo muito rápido. No aeroporto , quando acabei de almoçar já era tempo de check-in. Foi só na fila para o meu voo para Katowice que comecei estranhar. Estava rodeado de Polacos. Caras eslavas a lembrar os russos e língua indecifrável. Se havia pessoas de outras nacionalidades naquele voo para além de mim, eu não os vi ou não os reconheci. À minha volta estava um grupo de homens entre os 30 e os 50 anos, claramente trabalhadores de regresso a casa.

Quando cheguei ao balcão, mostrei o meu número de confirmação e BI, e durante uns minutos a emprega nada disse. Só o fim é que me dirigiu a palavra num português correcto e quase sem pronúncia. Teria sido esta a última réstia de mundo conhecido, o último vestígio de Portugal que eu veria nos próximos tempos?

O voo na Wizz Air foi um pouco diferente, mas dentro da normalidade, talvez por eu estar demasiado habituado aos voos da Ryanair. No entanto, compreendi que talvez nos próximos tempos iria ficar a leste de muitas coisas que se passavam à minha volta. Uma confusão com a gravação para os procedimentos de segurança que costumam mostrar antes da partida do avião fez-me sorrir. Mas as pessoas à minha volta, e as hospedeiras que faziam a demonstração riam. Nunca cheguei a perceber bem o que se passava.

O aeroporto de Katowice era pequeno, como se esperava. A primeira vez que dirigi a palavra a um polaco, um segurança que lá estava, recebi uma resposta negativa à minha pergunta, a primeira de muitas: Não, não falava inglês.

Meio desorientado lá consegui apanhar o autocarro que tinha pré-pago como transfer do aeroporto. E sempre atento, lá cheguei à PKS, a estação de autocarro. Podia daí ter apanhado um autocarro para os dormitórios. Mas sabia que era longe e estava já noite. Mesmo que o sol ainda não se tivesse posto, nuvens negras pairavam no ar.

Apanhei um táxi. Mesmo assim, sempre desconfiado. O taxímetro mal se via, mas porquê eu haveria de ser tão desconfiado? O taxista levou-me ao sítio certo e ajudou a encontrar-me mesmo a porta do meu dormitório. O porteiro apesar de simpático também não falava inglês. No entanto, ainda só estava à 3 minutos com ele e heis que aparece um português. Afinal, não tinha deixado por completo qualquer vestígio de Portugal. Tinha um companheiro de quarto, e era português.

Ainda fomos a um dos dois bares que existem no complexo dos dormitórios. Bebemos a primeira cerveja polaca, a primeira de muitas. Zywiec! Servida em copos de meio litro não é má de todo! O bar também parece acolhedor: uma decoração moderna com peças vintage um pouco espalhadas por todo lado. Só estávamos nós e os polacos que preenchiam a metade o bar. Num ecrã estava a ser projectado o concerto ao vivo dos Queen em Wimbledon. Acho que nunca mais me vou esquecer desse final de dia, e iriei me lembrar dele sempre que ouvir Queen ou ver o concerto.

Gigs à entrada do avião

Aero-moça

Só estilo!

Aeroporto de Katowice

A primeira cerveja polaca

1 comentário:

Zemis disse...

Hey! É bem preferível estar a passar por essa tua estranha adaptação que estar a estudar Betão II, como se estivesse a caminhar para o cadafalso.

Ainda bem que já sabias o que esperar no que toca a dormitórios, enfim... agora é só esperar pelas polacas!! =)

só para terminar o que tu viste deve ter sido os Queen no Estádio do Wembley, gravado precisamente nesse belo ano de 1986. Como é óbvio eu tenho o DVD e posso-te emprestar quando vieres! =P

Um abraço, até um dia!