sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Visitas...

O meu caro amigo Zemi fez questão de me visitar durante uns dias cá em Wrocław, sendo o segundo a visitar-me por cá... Primeiro foram o Sá e o Nuno Martins (também meus colegas da FEUP) que aproveitaram a sua semana de férias na Universidade onde estão na Dinamarca para fazer uma autentica "Car Europe Tour". O Zemi, esse veio da Eslovénia, através de uma viagem de 16 horas de comboio. A minha viagem mais longa foi de 8 horas, portanto imagino o que seja: é dose!
Claro que para nós, Erasmus, é mais fácil visitarmo-nos uns aos outros porque, primeiro, estamos mais perto, e segundo temos a vida mais facilitada para viajar (digamos assim). No entanto, quero que saibam, todos aqueles que em Portugal estão, que Wrocław está sempre de portas abertas para vocês.
Depois de dois dias cá por Wrocław, amanhã dirigimo-nos a Kraków (Cracóvia), um must da Polónia. Antes sequer de saber que poderia vir para Wrocław (cidade que desconhecia) apenas conhecia a capital, Varsóvia, Cracóvia - a cidade mais turística, e talvez Gdansk por causa da Segunda Grande Guerra.
Numa das noites, houve também festa cá no dormitório: o espanhol Alvaro fazia anos. Claro que com tantos espanhóis houve mais uma vez sangria... e um(a) striper!... Bom, é melhor verem as fotos. Por falar nisso, aproveito para mostrar um pouco mais de Wrocław , cidade que tenho neglegenciado um pouco. No entanto, estou a perparar uma compilação sobre a cidade que talvez só post no final deste Erasmus.


No bairo da Catedral - nesta zona quase todos os edifícios são religiosos.


O mercado - na Polónia os produtos são mais caros no emrcado que em outros sitios!


Um muffin e um tiramisú ao fim da tarde...


À noite...


Mleczyn bar (Milk bar) - existem por toda a parte nas cidades (já em Katowice costumavamos comer num) e são uma espécie de cantinas sociais. Comida polaca por um preço muito acessível.


Vista da torre da Catedral sobre a cidade de Wrocław...


... e sobre o bairro da Catedral.


A Bela e o Monstro! (E o rio Odra).


A striper! XD

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

[Szczegóły Polaków ] As paragens do tram

Szczegóły Polaków - Pormenores polacos

Não acontece em todas, apenas em algumas. Mas haver uma apenas é desde já completamente estranho.
O tram (o que em português se poderia traduzir por eléctrico) é um sistema muito utilizado por estes lados da Europa, especialmente cá na Polónia, onde todas as grandes cidades onde tenho ido possuem este sistema de transporte. Wroclaw não é excepção, e até gosto bastante deste meio de transporte, com os seu ar soviético (pelo menos com os veículos mais antigos), que menos graça têm quando vão apinhados, e quando os solavancos das curvas, desalinho nos carris ou excessiva velocidade do condutor atira todos aqueles que se encontram no seu interior uns contra os outros.

Na verdade neste post não queria falar do tram em si, mas sim das paragens. Não vi em mais cidade nenhuma em que estive até agora. Em Wroclaw existe pelo menos um par de paragens de tram assim, em que o tram, circulando no meio da faixa de rodagem, tem de parar em frente à paragem, mas onde não existe plataforma de desembarque; ou seja, entre o tram e a paragem/passeio existe uma via de circulação de automóveis. Na zona da paragem, existe uma marcação no chão indicando que os automóveis não deverão aí parar. Quando o tram pára para as pessoas saírem, os automóveis param então, para que as pessoas possam atravessar a via até à confortável segurança do passeio.

Aí é que vem o problema: a confortável segurança! Nada me parece mais inseguro que este sistema! O que me impede de sair repentinamente e distraído do tram numa destas paragens e apanhar com um condutor, ele também distraído e quem sabe em velocidade excessiva? Sim, sabendo agora como são alguns (alguns??) condutores polacos, até tenho medo destas paragens!
Bom, medo não diria. Mas pelo menos olho cuidadosamente antes de sair, não vá ser apanhado por um camião desgovernado.
O que é incrível é que os condutores parecem cumprir a regra e de facto param sempre que um tram se aproxima. Não creio que em Portugal isto resultasse tão bem!
Pergunto-me se isto será mais um pormenor herdado da era comunista, uma poupança de energia e custo, ao evitar ter que contruir uma plataforma de desembarque no meio da rua, ou por outra razão obscura que desconheço. Vá-se lá saber...



[Photographia] Outono em Wrocław

Learning agreement

Finalmente parece ter tudo encaminhado para fechar o cap+capítulo Learning Agreement, ou seja, aquele documento que dita as cadeiras que tenho na Universidade de destino e as cadeiras correspondentes à equivalência na Universidade de origem... Estava demorado!!..

sábado, 25 de outubro de 2008

A queda do Zlot



Até mereceu destaque nas primeiras páginas dos jornais: o zlot está em queda...

Reunião no dormitório

Fomos todos convocados. Todos os Erasmus que vivem no T-17 foram convocados para uma reunião hoje, através de avisos escritos em papel e espalhados pelos corredores e cozinhas, com uma inglês, err.... como direi?.. "Impacábel!"
O motivo da convocatória só o descobrimos realmente na própria reunião, se bem que já desconfiávamos de vários motivos. Um dos quais era comum a todos: íamos levar na cabeça.
A administradora do dormitório desde início passou logo à acção. Como se diz?.. Ah!, "a matar"! Talvez por essa agressividade inicial, muitos dos que estavam presentes contrapuseram com a sua dose de agressividade e iniciaram uma batalha perdida. O dormitório tem regras e muitas falhas, mas de facto, se cá estamos, temos de as cumprir, e quanto a exigir melhores condições pouco há a fazer (sim, sou um confromado, não sou nenhum Lech Wałęsa).

O primeiro tema foi o barulho e as festas. Não pode ser tolerado barulho nas horas de sono. Alguém ainda argumentou que certos polacos (os meus vizinhos, por exemplo) têm muitas vezes a música em altos berros a horas perfeitamente estranhas: de manhã, às 10 da manhã, por exemplo; e nunca ninguém se tinha queixado. É perfeitamente verdade! Mas regras, são regras. E lá por incomodar a música alta logo pela manhã a muita gente (como a mim - ainda por cima com um som tão nítido que se escapa pelo o buraco por onde passam os cabos da internet), nunca ninguém irá mudar isso.
Outro alguém se queixou de um polaco o ter ameaçado de porrada se não desligasse a música. Outra bem possível verdade, mas que não invalida o facto de haver barulho a incomodar as pessoas a horas tardias, apesar do comportamento dele. Aqui, como em vários pontos da discussão, a administradora ia um passo sempre à frente: podia sempre defender-se por nunca ninguém se ter queixado e apresentado esses problemas e situações antes.
Outro assunto era a hora da refeição. Um hábito e hora muito importantes para a grande maioria de habitantes Erasmus: espanhóis e portugueses. Segundo as regras, não é permitido comer na cozinha nem nos corredores, e não é também permitido mover mobílias de uns quartos para os outros. Este é talvez o ponto em que a razão poderá estar mais do nosso lado. Com esta regra, é suposto comermos cada um nos seus quartos, o que é bastante desconfortável. Para além disso, a ausência de um espaço onde as pessoas se podem sentar e comer aquilo que muitas vezes cozinharam em conjunto é problemática. Faz com que as pessoas se teriam de separar e comer "sozinhas" nos seus quartos, o que para as nossas culturas é bastante absurdo. Este problema vem desde já acoplado ao facto de não haver nenhuma sala de convívio no dormitório. É que nem sequer bares em volta deste complexo existem.
Em relação a estes problemas a administradora informou que poderia ceder a sala onde nos encontrávamos naquele momento (que deveria ser uma sala de convívio, mas pelo que sei costuma estar fechada), para se realizarem festas, duas ou até três vezes por semana.
Tudo isto leva-me a escrever algo que já deveria ter referido, principalmente quando a administradora disse que já tinham existido exactamente os mesmo problemas com outros Erasmus de aos anteriores: porque raio não tivemos uma reunião como esta logo que chegámos? Se já tinham experiência de outros anos, porque não explicaram as regras e fazerem os avisos logo de início? Porquê explicar apenas após terem surgido os problemas, quando já sabiam que estes iam acontecer? Para mim, a administração teria quase toda a razão (ou pelo menos a vitória da discussão - não há volta a dar: as regras continuaram a existir, assim como as festas); a única falha foi mesmo essa: uma péssima recepção de alunos/hóspedes de tão diversos países com uma culturas diferentes o suficientes.

"Tango" de Zbigniew Rybczynski

Link: TANGO. (von ZBIGNIEW RYBCZYNSKI)



Há uns tempos atrás, durante o curso de EILC, mostraram-nos várias animações de autores polacos. Por acaso fiquei bastante contente com essa sessão porque sempre me interessei em filmes/curtas de animação, se bem que nunca tivesse explorado esse assunto a fundo. Lembro-me, no entanto, de ver um a vez ou outra um programa na RTP2 sobre animação, que quando apanhava punha-me sempre a ver.
Adiante... As animações que mostraram eram bastante interessantes. Curtas diversas, de diversas épocas e técnicas...
Deixo aqui aquele de que gostei mais. Aliás, aquela que me surpreendeu muito, deixando-me completamente fã. Não foi por acaso que esta animação ganhou o Oscar de Melhor Curta Animação (1983) e outros cinco prémios.

Ver página IMDb.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

LOST

Não, não é um post sobre a série, da qual por acaso sou bastante fã (sim, é a melhor série de sempre!).
Então porquê Lost? Bem, a razão é muito simples: porque hoje me perdi!
Fui sozinho a um hipermercado, o Korona, não muito diferente de um Continente ou Jumbo em Portugal. à semelhança de muitos hipermercados destes em Portugal, este localiza-se algures na periferia da cidade, junto a uma larga via de acesso. Uma zona tipicamente suburbana.
Já lá tinha ido diversas vezes, e sem qualquer problemas. Há diversos autocarros para lá, assim como para o regresso. E de facto, na viagem de ida não houve qualquer problema. Fiz as minhas compras no hipermercado e até também numa loja, onde comprei um casaco novo - nos últimos dias o frio tem vindo a apertar e a previsão é para as temperaturas continuarem a descer. Tive medo, sim... do frio!

Bom, foi então na viagem de regresso que aconteceu o infortúnio. Verifiquei as linhas de autocarros, e fixei os números que podia apanhar para regressar. Não sei o que passou: se entrei num autocarro errado, se o horário estava mal ou se estava mesmo distraído.
O que é certo é que durante a viagem estava mesmo absorvido em pensamentos, e só após muitas paragens é que olhei para fora e não reconheci nada do que vi. O autocarro parou e muitas pessoas saíram. Eu fiquei. Olhei em volta: estava sozinho! O autocarro parou mais uma vez. O motorista vociferou umas palavras em polaco que não entendi. Última paragem? Talvez. Sai. Estava no meio do nada. O autocarro continuou, e uns metros à frente entrou para um complexo onde estavam muitos autocarros parados. Última paragem? Sim! Meio do nada? Sim! Sem pessoas na rua? Sim! Pânico? Quase!

Que não estava ninguém na rua até era mentira. Uma ou duas pessoas que vi se passearem com um cão, e um senhor esperava na paragem do lado oposto da rua aonde me dirigi carregado de compras. Só pensava: "Estou tramado! Como raio vou eu sair deste fim de mundo?" começava já a pensar em todos os meus possíveis contactos para pedir ajuda... Mas apenas como último recurso: afinal não estava no fim do mundo. Pronto, era uma zona industrial. Não havia casas habitacionais, era de noite, e quase não havia pessoas. O meu único receio era mesmo ser assaltado, ainda por cima eu que estava cheio de compras.

Tentei ver as habituais informações afixadas na paragem onde dispõem as linhas de autocarros, para saber que autocarro deveria apanhar e a que horas passaria. Não havia! Ou pelo menos já não havia essas informações: ou estavam rasgados ou pintados ou alvo de outro acto de vandalismo. Ou seja, não sabia para onde iam os autocarros, nem sequer se havia mais autocarros aquela hora.

Dirigi-me ao homem que esperava na paragem: não falava inglês (óbvio!). Mas lá com um "Numero bus do centrum", lá consegui arrancar um "Sto pięć" (105). Tentei perguntar se ainda passava aquela hora, mas sem sucesso. Como ele também lá estava à espera pelo menos havia alguma autocarro... O senhor até acabou por se revelar bem simpático, a perguntar de onde era e a fazer conversa. Pronto, a parte da conversa só consegui entender que estava a falar do frio ("zimny"). Ao menos estava acompanhado...

Não por muito tempo... Fiquei outra vez preocupado quando um carro chegou e o homem entrou nele. Provavelmente a boleia dele... Estava outra vez sozinho...
Mas mais uma vez, não por muito tempo, felizmente. Uma rapariga veio dar à paragem vinda do outro lado. Olhou para as (não) informações e dirigiu-se a mim em polaco. "Nie rozumiem. Nie mówię po polsku." (Não percebo. Não falo polaco.) , disse eu. "Angielski?", disse ela. "Yak tak..." (Sim, sim...), disse eu. "Yes, please", pensei eu.
Felizmente, ela falava inglês, e por incrível que pareça também estava perdida porque tinha apanhado o autocarro errado! Mais tarde vim a saber que também não era da cidade e que estava a estudar em medicina, bem perto, da minha Universidade. No entanto, na altura só pensava em atingir o centro ou algum sinal de civilização. No total acho que ainda esperei mais de uma meia hora até vir um autocarro. Apanhamos esse que nos levou até cerca do centro. Tudo foi mais fácil por ela falar polaco e poder perguntar para onde o autocarro se dirigia. No entanto, acho que teria entrado naquele autocarro fosse para onde fosse. E lá acabei por chegar a casa, são e salvo.

domingo, 19 de outubro de 2008

[Photographia] Porto calmo de abrigo

O mar Báltico e o nascer do sol.

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Ao Longe O Mar

de Madredeus


Porto calmo de abrigo
De um futuro maior
Porventura perdido
No presente temor
Não faz muito sentido
Não esperar o melhor
Vem da névoa saindo
A promessa anterior
Quando avistei ao longe o mar
Ali fiquei
Parado a olhar
Sim, eu canto a vontade
Canto o teu despertar
E abraçando a saudade
Canto o tempo a passar
Quando avistei ao longe o mar
Ali fiquei
Parao a olhar
Quando avistei ao longe o mar
Sem querer deixei-me ali ficar




[Photographia] Erasmus Party

Strona em Sopot

No final do dia passado em Gdansk, regressámos a Sopot onde jantarmos em casa. Depois fomos a uma festa de inauguração de um novo apartamento. Este também era todo bonito, numa espécie de condomínio mais ou menos fechado. Mas a festa era a típica festa de Erasmus: uma casa particular cheia de gente por todos os lados, de todos os sítios e mais algum - Eramus, não Erasmus, portugueses, espanhóis, franceses, autóctones ... bebidas por todo o lado (de graça, especialmente), muita confusão, muitas conversas - banais, estúpidas ou estranhas... enfim, tudo aquilo que faz parte do imaginário de uma festa de Erasmus. Pena que tenhamos chegado já bem tarde, pelo menos tarde o suficiente para termos de ser deslocados para uma disco qualquer, devido ao barulho que estávamos a provocar.

Julgo que o nome se chamava Paprika. Muito original! Já é o quinto lugar que conheço com este nome... Lá o holabdês conheceu outros conterrâneos que , pelo que percebi ou tinham lá família (um deles falava polaco) ou os pais tinham lá uma casa de férias. O que é certo é que acabámos (um grupo de 5 ou 6 pessoas) por ser convidados para a tal casa de um deles. Um pequeno edificio de apartamentos mas de qualidade, a cheirar ao luxo. Duplex, onde em cima se localizava uma pequena biblioteca e o escritório, enquanto que cá em baixo nos sentámos na sala de estar bem decrada, perto da lareira que um deles acendou Ofereceram-nos champagne, vinho e queijo... Enfim, foi uma noite estrnha! Assim como eram esses holandeses. A noite acabou com uma ida aos kekabs. Aliás, a noite acabou, por minha grande insitªencia, com uma ida rápida à praia. Ainda não tinha visto o mar e já lá estava há um dia! Foi quase mágico! O nascer do sol, o suave som das ondas, os barcos e luzes do porto ao longe... Só lá faltava uma pessoa para ser mágico.

Não, não é photoshop. A casa era mesmo assim, distorcida!


É só tocar à porta...


A cozinha....


a Zubrowka...


eu, a Claire e o francês...


a beldade polaca nº1...


as beldades polacas nº2 e nº3...


a beldade polaca nº 4.


Eu e uma pequena espanhola.


Champagne ou vin?


"A" casa do holandês.


A snifar umas?!...


No restaurante kebab onde estavam a passar vídeos do Saddam! Oo


O Mar Báltico!

PS: Nahhh, era farinha...

sábado, 18 de outubro de 2008

Gdańsk em retratos










Gdańsk, o porto

No fim de semana em Varsóvia fiquei a saber que as minhas amigas francesas do EILC, Claire e Tiffany, que estão a estudar em Gdańsk se iam mudar durante a semana do dormitório para um espaçoso apartamento. Uma vez que pelo menos por enquanto não temos ainda muito trabalho na Faculdade queria aproveitar para passear, e não poderia perder a oportunidade de uma estadia grátis. Aliás, foi bem melhor do que estava a espera. O apartamento é mesmo excelente, com realmente muito muito espaço, todo completamente equipado. Em vez de dormir no chão como estava à espera, dormi num confortável sofá cama. Elas moram com mais quarto pessoas, fazendo paracer a típica casa Erasmus ou a "Residência Espanhola" (filme de título original "L'Auberge Espagnole"), um francês, uma francesa, uma espanhola e um holandês (pronto, os franceses estão em maioria, mas eram todos boas pessoas!).

A viagem até Gdansk demorou 8 horas! Oito horas sim! Era o único comboio directo, um pociąg pospieszny, equivalente diria ao comboio Regional em Portugal, operado pela PKP (os Caminhos-de-ferro Polacos). Mesmo que houvesse mais rápido como o Intercidades teria ido no mesmo, pois o que se poupa em horas geralmente é muito pouco, em relação ao preço (quase o dobro!). Fazer esta viagem sozinho é bastante cansativo. Faz-se de tudo... Lê-se, dorme-se come-se, responde-se a cartas, ouve-se música, tira-se fotografias, vai-se à casa-de-banho... Tudo pode servir de desculpa para se ocupar o tempo. Mas uma vez chegado ao destino, todo o tempo passado em viagem compensa. É a magia de se viajar!

Cheguei já à noite, pelo que só no dia seguinte fui a Gdańsk. Aliás, a casa onde fiquei não se situa em Gdańsk mesmo, mas numa cidade pegada e junto ao mar também, chamada Sopot. Gdańsk, Sopot e Gydinia constituem as três cidades mais importantes do ocidente da Baia de Gdańsk. De facto, esta zona é até conhecida como "Trojmiasto" (as "Três Cidades", ou "Tricidade") e tem mais de um milhão de habitantes.

Gdańsk, também conhecida como Danzig pelos alemães, devido à presença e domínio destes na cidade desde séculos atrás, tem uma origem que remonta ao século X e é tão complicada como a história da Polónia no seu conjunto: uma panóplia de invasões, reinados, reconquistas, perda de estatutos, formação e desmembramento de Estados e Reinos... (ver wikipedia). No último século, Gdańsk continuou a ser palco das mais importantes acontecimentos da Polónia e do Mundo.
Após a 1ª Guerra Mundial, o Tratado de Versailles determinou que esta cidade não pertenceria à reconstituída Polónia (pois 98% da população era alemã), mas teria um estatuto especial de independência com o título de Cidade Livre de Gdańsk, sobre as graças da Sociedade das Nações.
Na verdade, a complicada divisão de territórios e estatutos, acabou por gerar tensões ao longo dos anos até se tornar na gota de água que originou a maior guerra de todos os tempos, pelas exigências da Alemanha de requerer os territórios de Danzig e do Corredor Polaco (que garantiam o acesso da Polónia ao Mar Báltico, mas que isolavam os territórios da Alemanha a leste, conhecida como província da Prússia de Leste. A 2ª Guerra Mundial começou a 1 de Setembro de 1939 com o bombardeamento das posições estratégicas polacas em Westerplatte, Gdańsk.

Mais tarde foi também Gdańsk que viu nascer o movimento Solidarność ("Solidariedade"), uma união sindical que desde os anos 70 se opôs ao regime comunista, e foi palco de protestos, greves e manifestações. Natural de Gdańsk, Lech Wałęs, líder do Solidarność , viria a ser o Presidente da Polónia em 1990.

Gdańsk é portanto uma cidade cheia de história e significado, uma cidade caracteristicamente portuária. É também a cidade do âmbar, e existem milhares de peças feitas de âmbar a vender por toda a cidade. A rua principal, Ulica Długa (Rua Longa), com os seus portões de entrada e os edifícios que ladeam toda esta rua são uma das melhores atracções da cidade. Não cheguei a ver o mar a partir de Gdańsk, porque o centro da cidade localiza-se bem para o interior do rio Motława. Mas deu para ver parte do porto, ou antigo porto. De facto, outro dos marcos da cidade será o Motlau, uma estrutura medieval feita em madeira que servia como posto de controlo por um lado, e por outro para facilitar as cargas e descargas.

Acho que chega de conversa (até porque já estou farto de escrever). Portanto, agora deixo as habituais imagens...

Chegada à estação (após 8 horas!!)


Antigo moinho.


Na Ulica Długa


Eu e o Christopher na praça principal.


Junto ao velho porto. Por trás, o Motlau.


Auch!:S


Bazylika Mariacka, a maior igreja de tijolo do mundo.


Também há douradinhos!!


Monumento aos defensores do Posto dos Correios.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dom Studentcki (O dormitório)


Estava já na altura de fazer um post sobre o dormitório. Só da nossa Universidade (WUT - Wroclaw University of Technology, ou em polaco Politechnika Wroclawska) existem pelo menos 10 dormitórios diferentes (a julgar pela informação nos site). O nosso dormitório onde estão quase todos os alunos de Erasms da Politechnik, é o T-17 e tem a alcunha de "Ikar" (cada um tem a sua), e localiza-se junto de outros 4 dormitórios.

Cada dormitório deste complexo de 5 edifícios tem 10 pisos. Os alunos Erasmus que estão no T-17 ocupam pelo menos dois pisos quase completos. Cada piso tem dois corredores com X "apartamentos". Cada apartamento é composto por dois quartos duplos e dois quartos triplos, que partilham entre si uma casa de banho com uma sanita, um chuveiro e dois lavatórios. Ora, isto dá 10 pessoas para uma casa de banho. Pensei que fosse mais complicado, mas até agora não tem sido problema. Se calhar o facto de termos bons vizinhos ajuda...

Fazendo as contas, se os quartos estiverem todos cheios, existem X pessoas por piso. Agora vem talvez a parte mais complicada: existe apenas uma cozinha por piso (com dois fogões e bicos de lume, e uma banca para lavar a loiça). Às vezes torna-se complicado manobrar na cozinha, mas tamb+em até agora lá nos arranjamos. Fico contente por haver hábitos de horários diferentes. Dizem que os turcos cozinham muito cedo. Eu cá nem sequer os vi a cozinhar alguma vez! Depois, também houve alturas que vi alemães a cozinhar a horas normais. Claro, que os sobram são os que estão em maioria: os portugueses e espanhóis, que têm sensivelmente os mesmos horários. Ou seja, nós fazemos a hora de ponta cozinha.

Existe também uma lavandaria com duas maquinas de lavar. Para utiliza-las é necessário reservar com bastante antecedência, fazendo prever quando uma pessoa irá ficar sem roupa. A tabela de reserva está sempre bastante preenchida em 3 ou 4 dias à frente. Para além disso convém marcar várias horas seguidas, nã0 só para dar tempo para lavar toda a roupa nas máquinas, mas também+em para aproveitar os estendeis que lá existem (junto do aquecedor) para mais rapidamente secar a roupa.

Vá lá que existem três elevadores. Nisso os arquitectos comunistas não pouparam. Porque a filosofia é como o Igor diz: "estes dormitório são o mínimo essencial". No rés-do-chão, existe um sala com aparelhos de fitness e musculação (que nunca usei), e pouco mais. No outro dia, vi cá de fora uma pequena biblioteca, mas também pouco utilidade deve ter: livros em polaco não é bem a minha tara.

Quanto aos quartos em si até acho que são razoáveis. Estão bem equipados de mobília: a maioria do espaço do quarto está preenchido por eles, deixando pouco espaço livre para circular, mas sem exageros. Tem um frigorífico em cada quarto uma bênção dos deuses! Em Ligota-Katowice nem todos os quartos tinham frigorífico (o meu por exemplo - usávamos o dos italianos), e mesmo assim o meu amigo turco do EILC mudou para outro dormitório e diz que nesse é que não há nada mesmo. Para além disso, falei também com outros portugueses que estão noutro dormitórios )de outras universidades) e ao que parece lá existem frigoríficos comuns. Resultado: tudo que lá se põe acaba por desaparecer! Qual buraco negro ou portal interdimensional!

Portanto, apesar de tudo acho que estou bastante contente com as instalações. Estou no 6º piso. O 5º piso é mais agressivo: mais festas, mais espanhóis, mais barulho...
Outra vantagem de estar num dormitório é o preço. Pelo meu quarto triplo pago 280 zlotes por mês (menos de 85€).

A hora de jantar é sempre a melhor altura do dia: onde todas as pessoas se juntam no mesmo espaço para cozinhar. Eu janto com os três feupianos nos quartos, mas há pessoal que trás as suas mobílias para a cozinha e manja mesmo ali. Claro, que não é nada como em Ligota! Até me dá saudades pensar nessas jantaradas e do "kitchen groupa". Mesmo assim, acho que o melhor ambiente que se cria é na cozinha.

Um dos dormitórios visto do meu: o T-17 é praticamente igual ao que se vê.


O meu vizinho francês Anthony, do quarto para a cozinha.


Outras duas vizinhas minhas, a Claire e a Stephanie (também françaises).


O Mourinho com a comida pronta!


Hora da comida à português. Sim, no quarto, o nosso sitio de eleição para comer...


....porque há quem prefira a cozinha.


O meu quarto, feito estendal às vezes.


Junto à janela, onde eu falo contigo...