sábado, 18 de outubro de 2008

Gdańsk, o porto

No fim de semana em Varsóvia fiquei a saber que as minhas amigas francesas do EILC, Claire e Tiffany, que estão a estudar em Gdańsk se iam mudar durante a semana do dormitório para um espaçoso apartamento. Uma vez que pelo menos por enquanto não temos ainda muito trabalho na Faculdade queria aproveitar para passear, e não poderia perder a oportunidade de uma estadia grátis. Aliás, foi bem melhor do que estava a espera. O apartamento é mesmo excelente, com realmente muito muito espaço, todo completamente equipado. Em vez de dormir no chão como estava à espera, dormi num confortável sofá cama. Elas moram com mais quarto pessoas, fazendo paracer a típica casa Erasmus ou a "Residência Espanhola" (filme de título original "L'Auberge Espagnole"), um francês, uma francesa, uma espanhola e um holandês (pronto, os franceses estão em maioria, mas eram todos boas pessoas!).

A viagem até Gdansk demorou 8 horas! Oito horas sim! Era o único comboio directo, um pociąg pospieszny, equivalente diria ao comboio Regional em Portugal, operado pela PKP (os Caminhos-de-ferro Polacos). Mesmo que houvesse mais rápido como o Intercidades teria ido no mesmo, pois o que se poupa em horas geralmente é muito pouco, em relação ao preço (quase o dobro!). Fazer esta viagem sozinho é bastante cansativo. Faz-se de tudo... Lê-se, dorme-se come-se, responde-se a cartas, ouve-se música, tira-se fotografias, vai-se à casa-de-banho... Tudo pode servir de desculpa para se ocupar o tempo. Mas uma vez chegado ao destino, todo o tempo passado em viagem compensa. É a magia de se viajar!

Cheguei já à noite, pelo que só no dia seguinte fui a Gdańsk. Aliás, a casa onde fiquei não se situa em Gdańsk mesmo, mas numa cidade pegada e junto ao mar também, chamada Sopot. Gdańsk, Sopot e Gydinia constituem as três cidades mais importantes do ocidente da Baia de Gdańsk. De facto, esta zona é até conhecida como "Trojmiasto" (as "Três Cidades", ou "Tricidade") e tem mais de um milhão de habitantes.

Gdańsk, também conhecida como Danzig pelos alemães, devido à presença e domínio destes na cidade desde séculos atrás, tem uma origem que remonta ao século X e é tão complicada como a história da Polónia no seu conjunto: uma panóplia de invasões, reinados, reconquistas, perda de estatutos, formação e desmembramento de Estados e Reinos... (ver wikipedia). No último século, Gdańsk continuou a ser palco das mais importantes acontecimentos da Polónia e do Mundo.
Após a 1ª Guerra Mundial, o Tratado de Versailles determinou que esta cidade não pertenceria à reconstituída Polónia (pois 98% da população era alemã), mas teria um estatuto especial de independência com o título de Cidade Livre de Gdańsk, sobre as graças da Sociedade das Nações.
Na verdade, a complicada divisão de territórios e estatutos, acabou por gerar tensões ao longo dos anos até se tornar na gota de água que originou a maior guerra de todos os tempos, pelas exigências da Alemanha de requerer os territórios de Danzig e do Corredor Polaco (que garantiam o acesso da Polónia ao Mar Báltico, mas que isolavam os territórios da Alemanha a leste, conhecida como província da Prússia de Leste. A 2ª Guerra Mundial começou a 1 de Setembro de 1939 com o bombardeamento das posições estratégicas polacas em Westerplatte, Gdańsk.

Mais tarde foi também Gdańsk que viu nascer o movimento Solidarność ("Solidariedade"), uma união sindical que desde os anos 70 se opôs ao regime comunista, e foi palco de protestos, greves e manifestações. Natural de Gdańsk, Lech Wałęs, líder do Solidarność , viria a ser o Presidente da Polónia em 1990.

Gdańsk é portanto uma cidade cheia de história e significado, uma cidade caracteristicamente portuária. É também a cidade do âmbar, e existem milhares de peças feitas de âmbar a vender por toda a cidade. A rua principal, Ulica Długa (Rua Longa), com os seus portões de entrada e os edifícios que ladeam toda esta rua são uma das melhores atracções da cidade. Não cheguei a ver o mar a partir de Gdańsk, porque o centro da cidade localiza-se bem para o interior do rio Motława. Mas deu para ver parte do porto, ou antigo porto. De facto, outro dos marcos da cidade será o Motlau, uma estrutura medieval feita em madeira que servia como posto de controlo por um lado, e por outro para facilitar as cargas e descargas.

Acho que chega de conversa (até porque já estou farto de escrever). Portanto, agora deixo as habituais imagens...

Chegada à estação (após 8 horas!!)


Antigo moinho.


Na Ulica Długa


Eu e o Christopher na praça principal.


Junto ao velho porto. Por trás, o Motlau.


Auch!:S


Bazylika Mariacka, a maior igreja de tijolo do mundo.


Também há douradinhos!!


Monumento aos defensores do Posto dos Correios.

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